terça-feira, 31 de março de 2015
O problema da escassez de água no mundo
A escassez de água no mundo é agravada em virtude da desigualdade social e da falta de manejo e usos sustentáveis dos recursos naturais. De acordo com os números apresentados pela ONU - Organização das Nações Unidas - fica claro que controlar o uso da água significa deter poder.
As diferenças registradas entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento chocam e evidenciam que a crise mundial dos recursos hídricos está diretamente ligada às desigualdades sociais.
Em regiões onde a situação de falta d'água já atinge índices críticos de disponibilidade, como nos países do Continente Africano, onde a média de consumo de água por pessoa é de dezenove metros cúbicos/dia, ou de dez a quinze litros/pessoa. Já em Nova York, há um consumo exagerado de água doce tratada e potável, onde um cidadão chega a gastar dois mil litros/dia.
Segundo a Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), menos da metade da população mundial tem acesso à água potável. A irrigação corresponde a 73% do consumo de água, 21% vai para a indústria e apenas 6% destina-se ao consumo doméstico.
Um bilhão e 200 milhões de pessoas (35% da população mundial) não têm acesso a água tratada. Um bilhão e 800 milhões de pessoas (43% da população mundial) não contam com serviços adequados de saneamento básico. Diante desses dados, temos a triste constatação de que dez milhões de pessoas morrem anualmente em decorrência de doenças intestinais transmitidas pela água.
Vivemos num mundo em que a água se torna um desafio cada vez maior.
A cada ano, mais 80 milhões de pessoas clamam por seu direito aos recursos hídricos da Terra. Infelizmente, quase todos os 3 bilhões (ou mais) de habitantes que devem ser adicionados à população mundial no próximo meio século nascerão em países que já sofrem de escassez de água.
Já nos dias de hoje, muitas pessoas nesses países carecem do líquido para beber, satisfazer suas necessidades higiênicas e produzir alimentos.
Numa economia mundial cada vez mais integrada, a escassez de água cruza fronteiras, podendo ser citado com exemplo o comércio internacional de grãos, onde são necessárias 1.000 toneladas de água para produzir 1 tonelada de grãos, sendo a importação de grãos a maneira mais eficiente para os países com déficit hídrico importarem água.
Calcula-se a exaustão anual dos aqüíferos em 160 bilhões de metros cúbicos ou 160 bilhões de toneladas.
Tomando-se uma base empírica de mil toneladas de água para produzir 1 tonelada de grãos, esses 160 bilhões de toneladas de déficit hídrico equivalem a 160 milhões de toneladas de grãos, ou metade da colheita dos Estados Unidos.
Os lençóis freáticos estão hoje caindo nas principais regiões produtoras de alimentos:
• a planície norte da China;
• o Punjab na Índia e
• o sul das Great Plains dos Estados Unidos, que faz do país o maior exportador mundial de grãos.
A extração excessiva é um fenômeno novo, em geral restrito a última metade do século.
Só após o desenvolvimento de bombas poderosas a diesel ou elétricas, tivemos a capacidade de extrair água dos aqüíferos com uma rapidez maior do que sua recarga pela chuva.
Além do crescimento populacional, a urbanização e a industrialização também ampliam a demanda pelo produto. Conforme a população rural, tradicionalmente dependente do poço da aldeia, muda-se para prédios residenciais urbanos com água encanada, o consumo de água residencial pode facilmente triplicar.
A industrialização consome ainda mais água que a urbanização. A afluência (concentração populacional), também, gera demanda adicional, à medida que as pessoas ascendem na cadeia alimentícia e passam a consumir mais carne bovina, suína, aves, ovos e laticínios, consomem mais grãos.
Se os governos dos países carentes de água não adotarem medidas urgentes para estabilizar a população e elevar a produtividade hídrica, a escassez de água em pouco tempo se transformará em falta de alimentos.
Estes governos não podem mais separar a política populacional do abastecimento de água.
Da mesma forma que o mundo voltou-se à elevação da produtividade da terra há meio século, quando as fronteiras agrícolas desapareceram, agora também deve voltar-se à elevação da produtividade hídrica.
O primeiro passo em direção a esse objetivo é eliminar os subsídios da água que incentivam a ineficiência.
O segundo passo é aumentar o preço da água, para refletir seu custo. A mudança para tecnologias, lavouras e formas de proteína animal mais eficientes em termos de economia de água proporciona um imenso potencial para a elevação da produtividade hídrica. Estas mudanças serão mais rápidas se o preço da água for mais representativo que seu valor.
Com esta conscientização cada vez mais crescente, cada nação vem se preparando ao longo do tempo para a valorização e valoração de seus recursos naturais.
O material jornalístico produzido pelo Estadão é protegido por lei. Para compartilhar este conteúdo, utilize o link:http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,sistema-cantareira-tem-57-menos-agua-do-que-tinha-ha-1-ano,1659527O material jornalístico produzido pelo Estadão é protegido por lei. Para compartilhar este conteúdo, utilize o link:http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,sistema-cantareira-tem-57-menos-agua-do-que-tinha-ha-1-ano,1659527O material jornalístico produzido pelo Estadão é protegido por lei. Para compartilhar este conteúdo, utilize o link:http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,sistema-cantareira-tem-57-menos-agua-do-que-tinha-ha-1-ano,1659527Maior crise hídrica de SP expõe lentidão do governo e sistema frágil
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Publicado por Carolina Salles e mais 1 usuário - 1 ano atrás
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No dia 1º de fevereiro, 8,8 milhões de paulistanos foram surpreendidos por uma novidade: se consumissem 20% menos água, ganhariam desconto de 30% na conta seguinte. O bônus faz parte das medidas emergenciais adotadas pelo governo do Estado durante a pior crise hídrica vivida por São Paulo na sua história recente. A princípio, o bônus valeria até setembro, mas, em março, foi estendido até o fim do ano. O significado da prorrogação é claro: o problema é grave e não há previsão de quando será resolvido – e a situação pode piorar.
Após o verão mais quente e seco em sete décadas, o nível do principal conjunto de reservatórios da região metropolitana, o Sistema Cantareira, chegou a 14,6% na última sexta-feira, o mais baixo desde que foi criado, em 1974. O comitê anticrise, formado pela Agência Nacional de Águas (ANA), o Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee) e a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), estima que o Cantareira se esgotará pela primeira vez em junho, se nada for feito.
O governo de São Paulo aponta como razão o clima. "Com mudanças climáticas, tem ano em que chove demais e, em outros, de menos", afirmou o governador Geraldo Alckmin em entrevista à rádio Bandeirantes. "É uma situação excepcional."
Mas a situação não é tão incomum. Maria Assunção Silva Dias, pesquisadora de Ciências Atmosféricas da USP, diz à BBC Brasil que São Paulo já viveu períodos graves de escassez. “Não é nem preciso falar em mudanças climáticas. Existe a variabilidade normal do clima", afirma Dias."Desde 1930, tivemos vários anos de precipitação bem abaixo da média, alguns deles seguidos. Se aconteceu no passado, pode acontecer de novo. Não é surpresa."
Entre 2009 e 2013, São Paulo viveu a situação contrária, com chuvas até 30% acima da média. Era natural, diz a especialista, que em seguida viesse um período de seca."Tinha-se a ideia de que havia autossuficiência de água em São Paulo, mas não é verdade”, afirma Dias. “A crise expôs a fragilidade do sistema, que opera no limite. Bastaram três meses de pouca chuva para ver que ele não se sustenta."
Dependência A permissão para que a Sabesp retire água do Cantareira foi renovada há dez anos, quando o atual governador Alckmin ocupava o mesmo cargo. Na época, já se previa no contrato de outorga buscar formas de reduzir a dependência da região da capital, que é abastecida por outros três sistemas – o Alto Tietê, Guarapiranga e Rio Claro -, em relação ao Cantareira.
Na avaliação do Ministério Público do Estado (MPE), o governo não cumpriu essa exigência." São Paulo continua a retirar a mesma quantidade de água do que há dez anos e pede ainda mais na nova permissão, que será conferida em agosto ", diz a promotora Alexandra Faccioli."Estamos passando por esta situação porque o planejamento falhou. Não foi feito o que era necessário."
O secretário de Saneamento e Recursos Hídricos, Edson Giriboni, diz que medidas importantes foram tomadas, como a redução do desperdício de água no sistema de transmissão de 30,7%, em 2011, para 25,7% em 2013. Ainda assim, hoje um quarto da água tratada se perde em algum lugar do caminho entre a represa e a torneira.
O governo passou a captar mais água da bacia do Alto Tietê: de 10 mil litros por segundo para 15 mil litros por segundo. Também começou as obras para usar mais 4,7 mil litros por segundo do Vale do Ribeira, no interior do estado, com a construção do sistema São Lourenço. O início das operações era previsto para 2016, mas foi revisto para 2018." Sem essas ações estaria faltando água ", diz Giriboni." A falta de chuvas complica. "
Abaixo do normal Não se pode, de fato, desconsiderar a questão climática entre os motivos desse momento crítico. O último verão foi o mais quente desde 1943, quando começaram as medições. A temperatura média, de 31,3ºC, ficou 3ºC acima do que no verão passado. Tudo graças a uma zona de alta pressão do Oceano Atlântico, que ficou parada sobre a região Sudeste por semanas e afastou as frentes frias e as chuvas.
O alerta soou em dezembro, quando choveu 72% abaixo do normal. Em janeiro e fevereiro, a média foi 66% e 64% menor, respectivamente. É a estiagem mais intensa nos registros de chuvas feitos desde 1930.
A pior marca anterior, de 61%, havia ocorrido em janeiro de 1953. Mas, na época, havia dez vezes menos pessoas vivendo na grande São Paulo, que conta com aproximadamente 20 milhões de habitantes atualmente.
"O crescimento urbano acelerado aumentou a demanda de forma desorganizada. Com isso, o sistema ruiu”, diz Mario Mendiondo, professor do Departamento de Hidráulica e Saneamento da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP), à BBC Brasil. "É a crise mais impactante dos últimos 80 anos."
Alerta No entanto, o governo estadual já havia sido alertado da fragilidade do sistema em 2009, durante a administração de José Serra, que é do mesmo partido do atual governador Geraldo Alckmin, o PSDB. Um documento produzido pela Fundação de Apoio à USP, o relatório final do Plano da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, destacava que o Cantareira tinha um “déficit de grande magnitude” e aconselhava que medidas fossem tomadas para evitar seu colapso.
O Ministério Público questiona ainda a ação do governo durante a crise. Em 3 de fevereiro, o MPE e o Ministério Público Federal enviaram um documento ao governo recomendando que a quantidade de água enviada a São Paulo fosse reduzida.
A Sabesp tem direito a usar 24,8 mil litros por segundo do sistema Cantareira. Com a seca, vinha usando 33 mil litros. Fazia isso porque tinha direito a um excedente previsto nas regras. Se em um ano chove bastante e não se usa toda a água, ela é contabilizada como economia e pode ser distribuída à população depois.
A redução acabou sendo realizada, um mês depois – primeiro para 31 mil litros e, agora, para 27,9 mil litros por segundo. "Cumprimos as determinações dos órgãos reguladores", diz o secretário Giriboni. "A situação é avaliada mensalmente, e havia em fevereiro uma possibilidade estatística de que chovesse bastante. Só que não choveu."
Risco Manter o volume retirado evitou que as torneiras secassem, mas acelerou o esvaziamento do Cantareira. "Respeitar o limite da permissão implicaria em racionamento, medida que já deveria ter sido adotada. Mas há uma resistência grande em fazer isso porque não parece ser conveniente no momento" , diz Faccioli, do MPE. "Colocou-se o sistema em risco. Precisamos de medidas de longo prazo e não imediatistas."
Para evitar o racionamento, o governo estadual iniciou obras avaliadas em R$ 80 milhões nas represas de Jaguari e Jacareí, no município de Joanópolis, e de Atibainha, em Nazaré Paulista, no interior de São Paulo. Isso permitirá retirar a água que fica no fundo, além do alcance do atual sistema de captação. Esse recurso nunca havia sido usado. O chamado volume morto é de cerca de 400 bilhões de litros. A previsão é usar metade.
Ainda foram redirecionadas águas das Bacias do Tietê e Guarapiranga para atender 3 milhões de pessoas. A exigência de consumo mínimo de água foi suspenso. A empresa ModClima foi contratada por R$ 4,5 milhões para produzir chuva artificial sobre os reservatórios. E houve um corte de 15% da quantidade de água vendida para as cidades de São Caetano e Guarulhos – esta última aplicou um sistema de racionamento para compensar a perda.
Dois novos 'Cantareiras' Mas, segundo cálculos do próprio governo em um estudo elaborado ao longo de mais de cinco anos - e apresentado neste mês -, São Paulo necessita dois novos sistemas equivalentes ao Cantareira nos próximos 20 anos para evitar o desabastecimento. O investimento é de, no mínimo, R$ 4 bilhões.
Duas barragens na região das bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí já começaram a serem construídas. Quando estiverem prontas, em 2018, gerarão 7 mil litros por segundo. O estado ainda tenta obter junto ao governo federal autorização para ligar o Cantareira à Represa Jaguari, em Igaratá, por meio de canais e bombas. Avaliada em R$ 500 milhões, a ligação levaria mais 5,1 mil litros por segundo ao Cantareira a partir do segundo semestre de 2015.
Esta represa recebe água do Rio Paraíba do Sul, que abastece 184 cidades em Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Governo e prefeituras fluminenses resistem à proposta. "Meus técnicos adiantaram que é uma possibilidade remota, eu diria inviável, porque ela implica atrapalhar o abastecimento da população do Rio", disse o governador Sérgio Cabral, em sua conta no Twitter. "Isso não será tolerado."
Peso eleitoral A questão começa também a ganhar peso eleitoral. Na sexta-feira, dois pré-candidatos ao governo estadual, o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha e o presidente da Federação de Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, criticaram o governo Alckmin.
"Se uma obra pode resolver o problema em um ano, por que não foi anunciada antes?", questionou Skaf em um congresso no interior do estado. Padilha fez coro em um artigo: "Soluções permanentes levam quatro anos (para ficar prontas). Resta torcer para que chova".
As perspectivas não são animadoras. Apesar de em março ter chovido acima da média, não foi suficiente para reverter a situação do Cantareira. Segundo um estudo do Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), a cabeceira do sistema precisa receber ao menos três vezes mais chuvas do que o normal para elevá-lo a níveis mínimos.
Com o início do outono, na última sexta-feira, a expectativa é de boa quantidade de chuvas entre abril e maio, mas a tendência é que a escassez volte dali em diante com o tempo seco do inverno. "Dificilmente vamos sair dessa situação crítica até a próxima temporada de chuvas, no fim do ano", afirma Dias, da USP. Enquanto isso, é melhor economizar água.
Foto: Reuters
Fonte: BBCBrasil. Com - http://noticias.terra.com.br/brasil/maior-crise-hidrica-de-sp-expoe-lentidao-do-governoesistema-fr...
Carolina Salles
Direito Ambiental
Mestre em Direito Ambiental. Doutoranda em Direito Ambiental e Sustentabilidade.
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Multa por aumento no consumo de água volta a valer em SP, decide TJ
Liminar suspendeu por um dia a cobrança da tarifa de contingência.
Desembargador diz que proibir multa pode causar prejuízo à saúde pública.
Do G1 São Paulo
FACEBOOK
O governo de São Paulo conseguiu obter a suspensão da liminar que proibia a cobrança de multa aos clientes da Sabesp que aumentarem o consumo de água. O recurso foi protocolado nesta quarta-feira (14) pela Procuradoria Geral do Estado (PGE) de São Paulo no Tribunal de Justiça (TJ) e foi analisado pelo desembargador José Renato Nalini no mesmo dia.
O desembargador, que também é presidente do TJ, recusou o argumento da juíza Simone Viegas de Moraes Leme, da 8ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo. Ela tinha afirmado que a lei federal 11.445/207 exige a adoção de racionamento oficial antes de aplicar tarifa de contingência.
Nesta quarta, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) foi questionado sobre a decisão da juíza Simone Leme. Ele admitiu que o estado já passa por racionamento desde que a Agência Nacional de Águas (ANA) determinou em março de 2014 a diminuição na retirada de água do Sistema Cantareira. Ele descartou usar decreto para declarar o racionamento.
Vai-e-vem da multa
Há uma semana, a Sabesp foi autorizada pela Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp) a aplicar multa de 40% a 100% para quem consumir mais água neste ano no comparativo entre fevereiro de 2013 e janeiro de 2014.
Mas, na terça-feira (13), a juíza Simone Leme avaliou ação protocolada pela Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste). Ela concedeu uma decisão provisória (liminar).
No despacho, a juíza disse que "o racionamento é oficioso e não atinge a população paulista de forma equânime com deveria". Ela também cobrou da companhia de abastecimento a eliminação das perdas e campanha de esclarecimento antes de impor multa.
Prejuízo à saúde pública
Após recurso do PGE, o desembargador José Renato Nalini afirmou que inibir a implantação da tarifa de contingência poderia causar prejuízo à saúde pública.
“Ninguém sobrevive sem água. A tarifa de contingência obteria economia aproximada a 2.500 litros por segundo, volume capaz de abastecer mais de 2 milhões de consumidores”, afirmou.
Segundo o presidente do TJ, a implantação da tarifa de contingência observou o artigo 46 da Lei Federal nº 11.445/2007, que autoriza a adoção de mecanismos tarifários para cobrir custos decorrentes de situação crítica.
“Em momento algum a lei condiciona a adoção legal a uma formal e prévia decretação de racionamento. Está presente e perdura há meses a situação muito além de crítica na escassez dos recursos hídricos”, afirmou o desembargador.
Redução de pressão
Na decisão liminar de terça-feira, a juíza Simone Viegas de Moraes Leme também cobrou que a Sabesp informasse os bairros atingidos por "manobras ou redução de pressão". Assim como Alckmin, a Sabesp também admitiu, pela primeira vez, que toda a Região Metropolitana está com redução de pressão no abastecimento e divulgou mapa das áreas afetadas (veja no mapa abaixo ou na lista ampliada de bairros aqui).
Região Metropolitana de São Paulo atingida pela redução de pressão da água (Ilustração: Sabesp)
NÍVEL DOS SISTEMAS
Nesta quarta-feira (14)
- Cantareira: 6,3%
- Alto Tietê: 11,1%
- Guarapiranga: 40%
- Alto Cotia: 30%
- Rio Grande: 69,8%
- Rio Claro: 26,5%
Escassez no Cantareira
O principal conjunto de reservatórios da Grande São Paulo é o Sistema Cantareira, que abastece 6,5 milhões de pessoas e tem capacidade total de 1,46 trilhão de litros.
O nível nesta quarta-feira era de 6,3% e conta com água do segundo volume morto, que tem reserva de 105 bilhões de litros. Tanto o volume útil (973 bilhões de litros) quanto o primeiro volume morto (182,5 bilhões de litros) já foram esgotados.
O Cantareira teve 59,6 mm de chuva desde o dia 1º de janeiro, o que representa 22% da média histórica para o mês, que é de 271,1 mm. Em dezembro, quando começou o verão, o índice de chuva também ficou abaixo da média. Dos 220,9 mm esperados, choveu 165,5 mm, ou seja, 74,9% da média para o mês.
Cantareira pode secar até março
A redução na retirada de água das represas do Cantareira começou a ser adotada em 2014. No dia 13 de março do ano passado, a vazão captada passou de 33 para 27,9 metros cúbicos por segundo, por determinação da ANA. Ao SPTV, o presidente da Sabesp, Jerson Kelman, disse que a retirada atual será de 13 metros cúbicos por segundo e que o Cantareira pode secar até março.
Tanto governo do estado quanto Sabesp defendem que a redução da pressão é mais eficiente que o rodízio de água. Nesta manhã, a companhia divulgou que todos seus clientes em bairros da capital paulista e nas cidades da Grande São Paulo recebem água com pressão durante algum período do dia.
A companhia afirma que a redução ocorre “preponderantemente durante a noite/madrugada, período em que grande maioria da população dorme e as atividades econômicas praticamente inexistem”. Se o imóvel tiver caixa-de-água a redução da pressão na rede não é percebida, diz a companhia.
FALTA D'ÁGUA EM SP
Seca afeta abastecimento
Chove, mas por que não sobe?
Apesar dos temporais registrados na capital e Grande São Paulo desde o fim do ano passado, o nível das represas não subiu porque as chuvas isoladas são insuficientes para aumentar o volume dos reservatórios.
A chuva que poderia ajudar na recuperação é formada por sistemas frontais (frentes frias) ou por corredores de umidade que saem da Amazônia com sentido à região Sudeste.
Mas, segundo os meteorologistas do Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE), vinculado à Prefeitura de São Paulo, e do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), um bloqueio atmosférico impede que esses sistemas cheguem até o estado de São Paulo e não permite chuvas mais generalizadas e com tempo maior de duração.
"Além de localizada, essa chuva é mal distribuída e só atinge os centros urbanos, não a região da maioria dos reservatórios. E, mesmo assim, a chuva isolada em um reservatório que faz parte de um sistema não agrega muita coisa. O ideal seria chover em todo o sistema”, afirmou o meteorologista do CGE Adilson Nazário.
E se o Cantareira secar? Veja fatos e a opinião de especialistas
Janeiro tem menos chuva do que previsto e cresce possibilidade de colapso.
Na semana passada, presidente da Sabesp admitiu que sistema pode secar.
Isabela LeiteDo G1 São Paulo
FACEBOOK
Na semana passada, o presidente da Sabesp, Jerson Kelman, disse ao SPTV 1ª edição que o principal sistema de abastecimento de São Paulo, o Cantareira, pode secar nos próximos meses (veja entrevista). No pior cenário, seca em março, segundo Kelman, que assumiu o comando da empresa estatal de água e esgoto neste mês, em meio a grave crise.
Mas o que acontece se realmente acabar a água do Cantareira? O G1 ouviu o que dizem especialistas e o governo.
Veja abaixo os principais cenários caso o reservatório entre em colapso:
MARÇO PODE SER LIMITE: Projeção do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres do Ministério da Tecnologia aponta que se a chuva for somente 10% da média histórica durante o verão, a água do volume morto do Cantareira pode se esgotar em março.
Caso a chuva mantenha a média de dezembro (74,9% do previsto para o mês), a água pode acabar em junho, segundo a projeção. O presidente da Sabesp não descartou essa previsão. Hoje, o governo do estado só tem autorização para usar a água do segundo volume morto.
APOSTA É O 3º VOLUME MORTO: A Sabesp aposta que sim. Além de contar com a economia da população, a empresa diz que ainda estuda usar o 3º volume morto disponível na represa Atibainha.
"O uso depende também de aprovação da Agência Nacional de Águas (ANA). O volume corresponde a 41 bilhões de litros de água", informa a Sabesp. “Seria o último recurso”, afirmou o presidente da Sabesp, Jerson Kelman. Em outubro do ano passado, o governador Geraldo Alckmin chegou a citar o 3º volume morto como alternativa, mas negou que a medida estivesse nos planos.
O professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e especialista em recursos hídricos Antônio Carlos Zuffo diz que, em caso de o sistema se esgotar, a Sabesp pode ter que distribuir apenas o que entrar nas represas, por chuva ou pelos rios que abastecem os reservatórios. “Sem o volume morto, só seria possível usar o volume de água referente à vazão de entrada no sistema, que depende do dia e das condições climáticas”, disse Zuffo.
PRAZO E ALTERNATIVAS NÃO SÃO CLAROS: A Sabesp não tem previsão de quanto tempo pode durar a terceira cota do volume morto. A empresa também não divulga previsões sobre os outros sistemas.
O professor da Unicamp e especialista em recursos hídricos Antônio Carlos Zuffo diz que uma estratégia para garantir água para a população pode ser limitar o uso no comércio e indústria. “Mesmo antes de entrar no rodízio, pode haver suspensão de uso da água que não seja abastecimento humano, como comercial e industrial”, afirmou o especialista.
CAPACIDADE DOS DEMAIS SISTEMAS É LIMITADA: Segundo dados da Sabesp, ainda que fosse possível uma interligação plena, os demais sistemas têm capacidade limitada e são bem menores que o Cantareira:
Cantareira
Capacidade: 1,4 trilhão de litros
Nível em 20/01/14: 5,6%
Abastece 6,2 milhões de habitantes
Alto Tietê
Capacidade: 520 bilhões de litros
Nível em 20/01/14: 10,2%
Abastece 4,5 milhões de habitantes
Guarapiranga
Capacidade: 171 bilhões de litros
Nível em 20/01/14: 38,5%
Abastece 5,2 milhões de pessoas
Rio Grande
Capacidade: 112 bilhões de litros
Nível em 20/01/14: 68,8%
Abastece 1,2 milhão de pessoas
Alto Cotia
Capacidade: 16 bilhões de litros
Nível em 20/01/14: 28,5%
Abastece 410 mil pessoas
Rio Claro
Capacidade: 13 bilhões de litros
Nível em 20/01/14: 22,6%
Abastece 1,5 milhão de pessoas
SABESP NEGA POSSIBILIDADE IMEDIATA: O Cantareira já atendeu 9 milhões de pessoas. Com o remanejamento e interligação, hoje fornece água para 6,2 milhões. “A falta de chuva atinge todos os mananciais. Neste momento, não temos possibilidade de aumentar o remanejamento de vazão”, disse o diretor metropolitano da Sabesp, Paulo Massato.
Ainda segundo Massato, as possibilidades seriam o Alto Tietê e Alto Cotia, que operam com nível baixo, além do Sistema Guarapiranga, cujas obras ainda estão em andamento. “Existem várias propostas, mas que foram projetadas para um período em que voltaria a chover mais”, afirmou.
SISTEMA É ALTERNATIVA DE LONGO PRAZO: Ampliar a produção de água do Guarapiranga é uma alternativa viável, segundo especialistas, mas a médio ou longo prazo, pois não foi projetado para uma demanda tão alta.
“Seria necessário fazer toda a ampliação de novas estações de tratamento. E isso é uma obra demorada”, explicou o geólogo Pedro Luiz Côrtes, que também é pesquisador da USP e membro do programa de Mestrado em Gestão Ambiental da Uninove.
“A última solução seria lançar água bruta direto na rede, mas isso contamina a água e ela vai com cor. A única coisa que dá para fazer é desinfetar, mas não deixa a água potável”, completou o pesquisador da Unicamp Antônio Carlos Zuffo.
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BILLINGS PODE SER ALTERNATIVA DE LONGO PRAZO: A represa Billings, que armazena principalmente água para geração de energia elétrica, possui 600 bilhões de litros, mas de péssima qualidade por causa da contaminação por esgoto. Ela é apontada por especialistas como alternativa.
A Sabesp admite que estuda formas de tratar e distribuir essa água. Mesmo assim, não há indicativos da companhia de abastecimento de que o volume da Billings possa ser usado de imediato na atual crise.
A Billings poderia ser considerada, mas tem níveis de poluição consideráveis, e você precisa desenvolver essa estrutura que não é feita do dia para a noite"
Pedro Luiz Côrtes,
geólogo e especialista em recursos hídricos
“Tecnologicamente não há empecilho [para usar essa água], mas há um problema de prazo e o segundo é o transporte. É uma caixa d'água enorme, uma reserva fundamental”, explicou o presidente da Sabesp.
O geólogo Pedro Luiz Côrtes diz que falta estrutura para uso imediato. “A Billings poderia ser considerada, mas tem níveis de poluição consideráveis, e você precisa desenvolver essa estrutura que não é feita do dia para noite”, defendeu o geólogo.
ALTERNATIVA É OPÇÃO PONTUAL: A curto prazo, o uso de água subterrânea poderia ser uma alternativa pontual e para uso restrito durante a crise, segundo o geólogo Pedro Luiz Côrtes. Ele usou como exemplo um estudo de geociência da USP que apontou ser possível extrair 10 mil litros de água/segundo com poços abertos pela Sabesp.
"A Sabesp teria a possibilidade de abrir esses poços em um prazo de 30 dias e o tratamento dessa água é muito mais simples que um volume morto, por exemplo, mas para abastecer locais emergenciais, como escolas e hospitais", explicou o especialista.
"Poços profundos só seriam interessantes para atender uma demanda urgente e pontual", completou o professor titular de recursos hídricos do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental (PHA) da Escola Politécnica da USP, Mario Thadeu Leme de Barros. Perfuração indiscriminada de poços pode comprometer outras regiões que dependem da água profunda.
Existem uma proposta do governo de explorar uma área de afloramento do Aquífero Guarani no interior do estado e reforçar o abastecimento em cidades da bacia Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) com a perfuração de 24 poços profundos. Isso, segundo o governador, aliviaria o Sistema Cantareira. Não há previsão para início das obras.
ESTRATÉGIA ESTÁ PARCIALMENTE EM ANDAMENTO: O reaproveitamento da água da chuva e esgoto tratado aliviaria a dependência do Cantareira, principalmente em locais com alto consumo, como indústria e irrigação, segundo Gesner Oliveira, ex-presidente da Sabesp (gestão 2007 a 2010) e sócio de uma consultoria especializada em recursos hídricos.
"A reciclagem para a água me parece a melhor alternativa, em particular a situação de reúso do Sistema Guarapiranga e Alto Cotia", disse. O governo do estado anunciou no ano passado obras de implantação das Estações Produtoras de Água de Reúso (EPARs) para aumentar a disponibilidade hídrica nos dois sistemas em 14% e 100%, respectivamente, com tratamento de esgoto.
Se o prazo prometido for cumprido, a primeira obra - do Guarapiranga - ficará pronta em novembro deste ano. "Tudo isso precisaria ser feito com o ritmo que o problema requer. Essas obras precisariam de uma abordagem especial e deveria haver uma aceleração. Com a água de reúso, os resultados surgem em um período curto, ainda em 2015", completou o ex-presidente da Sabesp.
Billings pode evitar o rodízio? Veja fatos e a opinião de especialistas
Reservatório tem capacidade maior que o Cantareira, mas água é poluída.
Governo diz que aumentará captação para abastecimento da população.
Isabela LeiteDo G1 São Paulo
FACEBO
São Paulo planeja retirar mais água da Represa Billings, na Zona Sul de São Paulo, para reforçar os sistemas Guarapiranga e Alto Tietê. A medida integra um pacote de ações para amenizar a falta d’água no estado. Mas, quais os impactos e as possibilidades para o uso da represa? Ela pode salvar os clientes da Sabesp que dependem do Cantareira?
O G1 ouviu especialistas e o governo. Veja abaixo fatos e opiniões sobre o tema:
NÃO, O ALCANCE É LIMITADO
A água que será futuramente levada da Billings não vai chegar diretamente ao Sistema Cantareira. A água vai reforçar as reservas de dois sistemas que passaram a atender ex-clientes do Cantareira (Guarapiranga e Alto Tietê).
Atualmente o Cantareira abastece 6,2 milhões de pessoas. Antes da crise, eram 9 milhões. A diferença foi absorvida pelos outros sistemas e a Sabesp não divulgou novos planos para ampliar a interligação de toda rede e migrar todos os clientes do Cantareira para outros sistemas.
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GERA ENERGIA E ABASTECIMENTO
O primeiro uso da Billings, na primeira metade do século 20, foi para armazenamento de água para geração de energia elétrica na Usina de Henry Borden, em Cubatão, na Baixada Santista. Mas, ao longo do tempo e com o crescimento de São Paulo, o uso prioritário passou a ser para o abastecimento da população nos moldes de hoje.
Ao todo, a Billings colabora com 7,7 metros cúbicos por segundo de água para atender 2,3 milhões de pessoas pelos sistemas Rio Grande e Guarapiranga. Isso corresponde a um terço do Cantareira ou metade do Alto Tietê. Na Baixada Santista, o Rio Cubatão também usa água da represa para abastecer 250 mil pessoas, segundo a Sabesp.
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VOLUME É DE 500 BILHÕES DE LITROS
A Represa Billings tem capacidade para armazenar 1,2 trilhão de litros e é considerada o maior reservatório da região metropolitana de São Paulo, segundo a Secretaria Estadual de Meio Ambiente.
Em janeiro, o volume armazenado era cerca de 500 bilhões de litros. Para efeito de comparação, o terceiro volume morto do Cantareira tem 41 bilhões de litros. Apesar disso, ela não é considerada como um dos sistemas de abastecimento da Grande São Paulo e fornece água para complementar sistemas.
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ESTIMATIVA É DE 4,5 MILHÕES
Estima-se que a Billings teria capacidade para fornecer água a cerca de 4,5 milhões de pessoas, o que não ocorre devido à poluição e intensa ocupação irregular nas margens, segundo especialistas.
A presença de contaminantes industriais é outra preocupação. “A Billings foi um reservatório que por muito tempo foi usado para receber afluente industrial, e o lodo no fundo da represa ainda tem uma concentração grande desses resíduos”, explicou o professor associado do departamento de engenharia hidráulica e ambiental da Escola Politécnica da USP, José Carlos Mierzwa.
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REPRESA TEM NÍVEIS DIFERENTES DE ESGOTO EM CADA TRECHO
A água da represa tem níveis diferentes de poluição. Desde 1958, a Sabesp usa água de dois braços da represa: do Rio Grande retira 5,5 m³/segundo para atender Diadema, São Bernardo e parte de Santo André. Essa parte do manancial é considerada mais limpa e é isolada da parte mais poluída da Billings.
Do Rio Taquacetuba retira 2,19 m³/segundo. Esse trecho é mais contaminado porque está próximo à área de descarga da água dos rios Tietê e Pinheiros sem tratamento, e enviados para o Guarapiranga. Entretanto, nem toda a represa tem a mesma qualidade. Teste feito a pedido do Bom Dia Brasil com uma amostra da Billings mostrou que a água está contaminada por bactérias, como escherichia coli, salmonella e shigella, provenientes da contaminação por esgoto não tratado.
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HÁ TECNOLOGIA DISPONÍVEL PARA TRATAR A ÁGUA A REPRESA
As técnicas convencionais de limpeza da água usadas hoje em São Paulo não são suficientes, segundo o professor da USP José Carlos Mierzwa. Ele indica sistemas mais sofisticados, como o de membranas ultrafiltrantes, meio com mais capacidade para reter impurezas, como alternativa.
A Sabesp não definiu como será ampliado o tratamento com o aumento da vazão da Billings, mas o sistema de membranas já é usado pela empresa e deve ser implantado nas estações de reúso de esgoto, as EPARs. O resultado, segundo o superintendente de tratamento de esgotos da RMSP Roberval Tavares de Souza, é uma água absolutamente limpa e sem nenhuma impureza.
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PROCESSO NÃO FOI ESCLARECIDO
Apesar da indicação do uso de membranas ultrafiltrantes, a Sabesp não deixa claro como o tratamento da água será adaptado para o aumento da vazão nos sistemas Guarapiranga e Alto Tietê. O governador disse que serão instalados contêineres para a filtragem com membranas, mas o material precisa ser importado porque não há fabricação no Brasil.
A compra do material e adaptação para a filtragem é considerada rápida, mas levaria em torno de um ano, segundo o professor do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da Escola Politécnica da USP, José Carlos Mierzwa.
A Sabesp diz que essa tecnologia produz água com muito mais rapidez e que precisa de um espaço físico menor. O tratamento, que levaria pelo menos duas horas, ocorre em 20 a 30 minutos, funcionamento automatizado e com menos produtos químicos.
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AJUDA NÃO SERÁ DIRETA
A Sabesp não divulgou planos para levar o volume retirado da Billings ao Cantareira. O destino será os sistemas Guarapiranga e Alto Tietê. Alckmin diz que a ideia é aumentar mais 1 metro cúbico por segundo da Billings para a Guarapiranga e outros 4 metros cúbicos por segundo para o Alto Tietê, mas os volumes de captação ainda não foram confirmados.
Não há plano de envio de água direto para o Cantareira. Ao atender esses dois sistemas, a Billings indiretamente atende ex-clientes do Cantareira, que foram remanejados pela Sabesp após o início da crise hídrica.
O professor titular da Universidade Federal do ABC em engenharia ambiental e urbana Ricardo Moretti defende que a ideia de usar a água da Billings não deixa de ser uma “cortina de fumaça”. “Não tem como completar os 16 m³/s do Cantareira do dia para a noite”, afirmou.
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PRAZO PARA CAPTAÇÃO É INCERTO
A forma como a captação será ampliada e quando ela começará ainda não foi divulgada pelo governo e pela Sabesp.
O Jornal Nacional apurou que os técnicos planejam iniciar as obras em fevereiro, com prazo de conclusão entre fim de maio ou começo de junho. Entre as opções está a construção de 13 quilômetros de dutos entre a Billings até a Represa Taiaçupeba, para a inclusão de 4 metros cúbicos por segundo no Sistema Alto Tietê.
Ricardo Moretti, da Universidade Federal do ABC, defende que a represa não vai resolver, a curto prazo, a crise hídrica. “Construir tubulações para tirar água da Billings até uma ETA [estação de tratamento de afluentes] precisa de obra, e não é nada simples. Mesmo que seja a curto prazo, não é algo para 2015”, explicou.
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EMAE NEGA PREJUÍZO PARA BAIXADA
A Empresa Metropolitana de Águas e Energia S.A. (EMAE), que tem a concessão para explorar a Billings e outros reservatórios para geração de energia elétrica, afirma que as manobras para aumento da retirada da represa não prejudicarão a operação porque têm sido discutidas entre os órgãos gestores de recursos hídrico e de energia.
Desde novembro, a vazão de água da represa para a usina foi limitada em 6 m³/s para que a Billings pudesse bombear maior volume para a Guarapiranga. Isso faz com que a geração de energia seja de 34 MW, quando a capacidade instalada na Usina de Henry Borden é de 889 MW. A operação do sistema segue determinações do Operador Nacional do Sistema (ONS) para o Sistema Interligado Nacional (SIN).
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RODÍZIO ESTÁ EM ESTUDO
A Sabesp admite que estuda o rodízio, embora oficialmente negue que exista um formato ou data definida. Por sua vez, o governador de São Paulo cita que estão em andamento novos projetos, obras de interligação, medidas de incentivo à redução do consumo e aguarda que chova. Nenhuma obra que mudará a condição do Cantareira tem data de entrega prevista para 2015.
O governo promete entregar até o fim do ano a Estação de Produção de Água de Reúso (EPAR) perto do Autódromo de Interlagos, na Zona Sul, para gerar 2 metros cúbicos de água no abastecimento da represa de Guarapiranga.
Ações como o aumento da produção de água, com a Parceria Público-Privada (PPP) do Sistema Produtor de Água São Lourenço, além do aumento da captação dos sistemas Rio Grande, Guarapiranga, Baixo Cotia e a interligação do Rio Paraíba do Sul, também são apontadas pelo governo estadual como alternativas para aumentar a oferta de água, mas os projetos dependem de obras com prazos de conclusão a médio e longo prazo.
29/03/2015 09h20 - Atualizado em 29/03/2015 10h32
Nível de água no Sistema Cantareira chega a 18,7% neste domingo
Mas considerando a nova medição, nível subiu de 14,4% para 14,5%.
Reservatórios não recebem chuva há 6 dias e seguem no volume morto.
Do G1 São Paulo
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O nível de água do Sistema Cantareira subiu de 18,6%, no sábado (28), para 18,7% neste domingo (29), segundo boletim diário divulgado pela Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp). É o sexto dia seguido que não chove nos reservatórios, que também recebem água de rios e abastecem 5,6 milhões de pessoas na Região Metropolitana.
Entre os cinco demais sistemas que abastecem a Grande São Paulo, um sofreu queda, e quatro ficaram estáveis.
Considerando a nova medição adotada neste mês, que inclui os volumes mortos na capacidade total do sistema, o nível do Cantareira subiu de 14,4% para 14,5%. Mesmo sem ter registrado chuva, foi a 23ª alta seguida do sistema.
Apesar das elevações, a situação ainda é delicada. Há um ano, o nível estava em 14% do volume útil e ainda não contava com os dois volumes mortos adicionados em maio e outubro.
A chuva que caiu nos últimos meses conseguiu recuperar apenas a segunda cota do volume morto. Para cobrir a primeira cota do volume morto, o sistema precisa chegar a 29,2%, ou seja, 0% do volume útil.
Novo método
A Sabesp passou a divulgar desde terça-feira (17) duas formas de medição do nível de água armazenado no Sistema Cantareira.
A publicação do novo gráfico foi feita após recomendação do Ministério Público (MP), que pediu mais detalhes da situação do manancial com o uso de duas cotas do volume morto desde 2014.
Até então, a Sabesp não inseria no cálculo a quantidade de litros acrescentada pelas reservas técnicas (182,5 bilhões de litros do volume morto 1 e 105 bilhões de litros do volume morto 2) autorizadas pela Agência Nacional de Águas (ANA) e o Departamento Estadual de Águas e Energia Elétrica (DAEE).
A conta para chegar ao índice do nível do reservatório só considerava o volume útil do sistema, que é de 982 bilhões de litros.
Para dar "mais transparência às informações", segundo nota oficial, a Sabesp apresentará também um gráfico considerando o volume útil e o volume morto, especificando o volume total do sistema para cada situação.
A companhia informou, por meio da assessoria de imprensa, que apesar da divulgação de dois gráficos, o índice oficial para série histórica será o mesmo de antes e que o volume de água disponível para a população não sofreu alteração. As duas formas de medição podem ser encontradas na página na internet da Sabesp.
Queda no nº de clientes
Antes da crise, o Cantareira abastecia 8,8 milhões de pessoas, mas hoje produz água para 5,6 milhões de clientes na Grande São Paulo.
O sistema conseguiu recuperar apenas uma quantidade de água equivalente a segunda cota do volume morto. O sistema teve um corte de 56% na vazão em relação a fevereiro de 2014. A quantidade de água fornecida passou de 31,77 mil litros por segundo para 14,03 mil litros/segundo.
Já o Guarapiranga aumentou a vazão de 13,77 mil litros por segundo para 14,9 litros/segundo, e se tornou o maior reservatório de São Paulo.
Água: a escassez na abundância
Hoje, 40% da população do planeta já sofre as consequências da falta de água. Além do aumento da sede no mundo, a falta de recursos hídricos tem graves implicações econômicas e políticas para as nações
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Mariana Segala - Guia Exame Sustentabilidade - 12/2012
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A água é o recurso natural mais abundante do planeta. De maneira quase onipresente, ela está no dia a dia dos 7 bilhões de pessoas que habitam o planeta. Além de matar a sede, a água está nos alimentos, nas roupas, nos carros e na revista que está nas suas mãos — se você está lendo a reportagem em seu tablet, saiba também que muita água foi usada na fabricação do aparelho. Mas o recurso mais fundamental para a sobrevivência dos seres humanos enfrenta uma crise de abastecimento. Estima-se que cerca de 40% da população global viva hoje sob a situação de estresse hídrico. Essas pessoas habitam regiões onde a oferta anual é inferior a 1 700 metros cúbicos de água por habitante, limite mínimo considerado seguro pela Organização das Nações Unidas (ONU). Nesse caso, a falta de água é frequente — e, para piorar, a perspectiva para o futuro é de maior escassez. De acordo com estimativas do Instituto Internacional de Pesquisa de Política Alimentar, com sede em Washington, até 2050 um total de 4,8 bilhões de pessoas estará em situação de estresse hídrico. Além de problemas para o consumo humano, esse cenário, caso se confirme, colocará em xeque safras agrícolas e a produção industrial, uma vez que a água e o crescimento econômico caminham juntos. A seca que atingiu os Estados Unidos no último verão — a mais severa e mais longa dos últimos 25 anos — é uma espécie de prévia disso. A falta de chuvas engoliu 0,2 ponto do crescimento da economia americana no segundo trimestre deste ano.
A diminuição da água no mundo é constante e, muitas vezes, silenciosa. Seus ruídos tendem a ser percebidos apenas quando é tarde para agir. Das dez bacias hidrográficas mais densa- mente povoadas do mundo, grupo que compreende os arredores de rios como o indiano Ganges e o chinês Yang-tsé, cinco já são exploradas acima dos níveis considerados sustentáveis. Se nada mudar nas próximas décadas, cerca de 45% de toda a riqueza global será produzida em regiões sujeitas ao estresse hídrico. "Esse cenário terá impacto nas decisões de investimento e nos custos operacionais das empresas, afetando a competitividade das regiões", afirma um estudo da Veolia, empresa francesa de soluções ambientais.
VEJA AQUI: Copo meio vazio
Em muitos países em desenvolvimento e pobres, a situação é mais dramática. Falta acesso a água potável e saneamento para a esmagadora maioria dos cidadãos. Só o tempo perdido por uma pessoa para conseguir água de mínima qualidade pode chegar a 2 horas por dia em várias partes da África. Pela maior suscetibilidade a doenças, como a diarreia, quem vive nessas condições costuma ser menos produtivo. Essas mazelas já são assustadoras do ponto de vista social, mas elas têm implicações igualmente graves para a economia. Um estudo desenvolvido na escola de negócios Cass Business School, ligada à City University, de Londres, indica que um aumento de 10% no número de pessoas com acesso a água potável nos países do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) conseguiria elevar o crescimento do PIB per capita do bloco cerca de 1,6% ao ano. "O avanço econômico depende da disponibilidade de níveis elevados de água potável", aponta Josephine Fodgen, autora da pesquisa. "Embora não se debata muito o tema, o mundo pode sofrer uma crise de crescimento provocada pela escassez de água nas próximas décadas."
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MAIS RENDA LÍQUIDA
Desde a década de 90, a extração de água para consumo nos centros urbanos do Brasil aumentou 25%, percentual que é o dobro do avanço do PIB per capita dos brasileiros no mesmo período. Quanto maior é a renda de uma pessoa, mais ela tende a consumir e maior é seu gasto de água. Isso é o que se convencionou chamar de pegada hídrica, a medida da quantidade de água utilizada na fabricação de tudo o que a humanidade consome — de alimentos a roupas. O conceito e os cálculos desenvolvidos na Universidade de Twente, na Holanda, permitem visualizar em números o impacto até mesmo da mudança da dieta dos povos que enriqueceram rapidamente. "Uma enorme quantidade de água é gasta hoje para que o mundo consuma mais carne", explica Ruth Mathews, diretora executiva da Water Footprint Network, rede de pesquisadores que estudam o tema. Hoje, cada chinês gasta o equivalente a 1 070 metros cúbicos de água por ano. É quatro vezes mais do que nos anos 60, e grande parte desse crescimento é atribuída à maior ingestão de aves e diferentes tipos de carne no país. Até poucos anos atrás, era tão improvável que um chinês tivesse um bife no prato que a iguaria costumava ser chamada de "carne dos milionários". Atualmente, cada chinês consome mais de 4 quilos de carne bovina por ano — e, do pasto até o açougue, cada quilo de bife demanda 15 000 litros de água.
No total, o Brasil consome 356 bilhões de metros cúbicos por ano — é o quarto maior consumo do mundo, perdendo para a China, a Índia e os Estados Unidos. Estamos tão acostumados com a fartura de recursos que talvez nada disso assuste. Cerca de 12% da água doce do mundo percorre o território brasileiro, onde vivem menos de 3% dos seres humanos. Entre os membros do G20, grupo das 20 maiores economias, o país só perde para o Canadá em disponibilidade de água per capita. Temos 42 000 metros cúbicos anuais por habitante, um luxo para poucos. Boa parte da água do Brasil, porém, está concentrada nas regiões mais remotas e menos habitadas. Nove estados do país já ultrapassaram ou estão no limiar do estresse hídrico. Nessa conta, além dos tradicionais estados áridos do Nordeste, entram os mais urbanizados e desenvolvidos, como São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal. "A situação dos lugares onde ficam as capitais mais populosas inspira cuidado, pede planejamento e exige ação", diz Paulo Varella, diretor da Agência Nacional de Águas. A cidade de São Paulo e sua região metropolitana, com uma população que se aproxima dos 20 milhões, são consideradas áreas propensas a enfrentar problemas de falta de água no futuro. Embora haja bacias de rios no entorno da capital, a água disponível é de péssima qualidade em razão, entre outros motivos, da quantidade de gente que vive — e produz esgoto — na região. "Não dá mais para depender da bacia do Alto Tietê. A situação dela é crítica", afirma Edson Giriboni, secretário de Saneamento e Recursos Hídricos do estado de São Paulo. A saída é buscar água cada vez mais longe.
Germano Lüders
Marginal do rio Pinheiros, em São Paulo: com uma população de 20 milhões de habitantes, a capital paulista e sua região metropolitana correm sérios riscos de desabastecimento de água
Está previsto para novembro o início do processo de concorrência de uma parceria público-privada que vai trazer água da bacia do rio Ribeira de Iguape, na divisa com o Paraná, para a capital paulista. O investimento chegará a 1,6 bilhão de reais. Um extenso estudo que está sendo conduzido pela secretaria paulista avalia outras nove opções de captação de água. Entre as alternativas em avaliação está trazer água da bacia do rio Paraíba do Sul, que fica na divisa com o Rio de Janeiro. Quando essa possibilidade foi ventilada pela primeira vez, em 2008, alarmou a população fluminense. Dessa bacia sai a água que abastece a casa de 12 milhões de moradores da cidade do Rio de Janeiro e sua região metropolitana. O temor é que não haja volume suficiente para abastecer duas das localidades mais densamente povoadas do Brasil. Até agora nada foi definido entre os governos de São Paulo e Rio de Janeiro. As disputas entre estados de um mesmo país costumam ser resolvidas em seus respectivos Congressos ou pelos Poderes Executivos. A situação pode ficar bem mais complicada quando envolve dois ou mais países. É por isso que a animosidade entre vizinhos que disputam a mesma água é acompanhada de perto pela Organização das Nações Unidas. "As implicações políticas que a falta de segurança hídrica pode despertar nos preocupam", diz Zafar Adeel, diretor do Instituto para Água, Meio Ambiente e Saúde da Universidade das Nações Unidas. Um relatório recente patrocinado pelo Departamento de Estado americano alerta para o fato de que problemas relacionados à água têm potencial para ampliar a instabilidade em diversos países, do norte da África ao Oriente Médio. Essa é a realidade num cenário de escassez crescente. Parece filme de ficção, no estilo apocalíptico. Mas, infelizmente, trata-se de um perigo próximo e real.
terça-feira, 17 de março de 2015
Correção da revisão
1) B
2) C
3) D
4) D
5) E
6) As inovações tecnológicas no campo foram responsáveis pela ampla modernização do setor produtivo, bem como pelo aumento da produção de alimentos e eficiente em todos os processos, desde o plantio ao transporte. Por outro lado, a modernização tecnológica foi responsável pela substituição do homem pela máquina e da consequente ocorrência do fenômeno do êxodo rural, a migração em massa de trabalhadores do campo para as cidades em busca de emprego e moradia.
7) A
8) D
9) C
10) B
11) D
12) C
13) E
14) C
15) C
16) C
17) A
18) C
19) B
20) B
21) A
22) B
23) A
24) B
25) A
26) Positivas: baixos custos no plantio; manejo de pragas.
Negativos: efeitos desconhecidos sobre a saúde dos consumidores; queda no rendimento das safras ao longo do tempo; dependência dos laboratórios produtores das sementes.
27) Os complexos agroindustriais resultam da integração (entrelaçamento) dos capitais bancários, industriais e agrários. Deles fazem parte a produção de adubos químicos, máquinas e equipamentos, sementes selecionadas e rações, realização de pesquisas; as atividades de armazenamento, transporte e industrialização dos produtos agropecuários. Nos complexos agro-industriais estão incluídos todos os setores e atividades que envolvem o mercado de alimentos e de matérias-primas para a agroindústria.
28) Adubação química. Irrigação. Cultivo em áreas desérticas.
29) Subsídios diretos à tecnificação, incentivos à exportação, articulação entre empresas agrícolas, químicas e mecânicas.
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